Feminicídio e TEPT: A Realidade Cruel e a Luta por Saúde Mental no Agosto Lilás
Segundo o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 1.467 mulheres morreram vítimas de feminicídio em 2023 - o maior registro desde a sanção da lei que tipifica o crime, em 2015. As agressões decorrentes de violência doméstica tiveram aumento de 9,8%, e totalizaram 258.941 casos. Houve alta também nas tentativas de feminicídio (7,2%, chegando a 2.797 vítimas) e nas tentativas de homicídio contra mulheres (8.372 casos no total, alta de 9,2%), além de registros de ameaças (16,5%), perseguição/stalking (34,5%), violência psicológica (33,8%) e estupro (6,5%).
O Agosto Lilás é um mês dedicado à conscientização e combate à violência contra a mulher, destacando a importância da Lei Maria da Penha. Esse período é marcado por campanhas e ações que visam sensibilizar a sociedade sobre os impactos devastadores da violência de gênero, com um foco especial no feminicídio, que é o assassinato de uma mulher em razão de seu gênero. Essa forma extrema de violência é o ápice de uma série de abusos e agressões que podem culminar em uma tragédia irreparável.
No Brasil, os números de feminicídios são alarmantes, e as consequências psicológicas para as sobreviventes de agressões e para os familiares das vítimas são profundas. Uma das principais condições de saúde mental que emergem desse contexto é o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), que pode se desenvolver após a vivência ou testemunho de eventos extremamente traumáticos, como violência doméstica, abusos físicos ou psicológicos, e, em casos mais graves, o feminicídio.
O TEPT manifesta-se através de sintomas como revivência do trauma (flashbacks), pesadelos, hipervigilância, insônia, irritabilidade, entre outros. Para as mulheres que sobreviveram a agressões, o TEPT pode representar uma barreira significativa para a recuperação e a retomada de uma vida normal. A condição também pode afetar profundamente os familiares e amigos que perderam alguém em razão do feminicídio, gerando um ciclo de dor que se perpetua na comunidade.
Durante o Agosto Lilás, é crucial destacar a importância de buscar apoio profissional para tratar o TEPT e outras consequências psicológicas da violência de gênero. Psiquiatras, psicólogos e outros profissionais de saúde mental desempenham um papel fundamental no tratamento e na reabilitação das sobreviventes e de seus entes queridos. O acesso a terapias adequadas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e, em alguns casos, a medicação, pode ser vital para a recuperação dessas pessoas.
Além disso, a conscientização e a educação sobre o TEPT e suas consequências devem ser promovidas amplamente. Campanhas educativas podem ajudar a desestigmatizar os problemas de saúde mental e incentivar as vítimas a buscarem ajuda sem medo ou vergonha.
O Agosto Lilás, portanto, não é apenas um período de lembrança e denúncia; é também uma oportunidade para fortalecer a rede de apoio às mulheres e aos familiares afetados pela violência de gênero. É um momento para reafirmarmos o compromisso com a luta contra o feminicídio e para garantir que todas as mulheres tenham o direito de viver em segurança, com acesso à saúde mental e ao suporte necessário para reconstruir suas vidas.
A luta contra o feminicídio e o cuidado com a saúde mental das vítimas são desafios que exigem a atenção e o compromisso de toda a sociedade. O Agosto Lilás nos lembra que a violência de gênero não deve ser tolerada, e que o apoio psicológico é essencial para a cura e a prevenção de novas tragédias.